Gnose é o substantivo do verbo gignósko, que significa conhecer. Gnose é conhecimento superior, interno, espiritual, iniciático. No grego clássico e no grego popular, koiné, seu significado é semelhante ao da palavra epistéme.
Em filosofia,...
epistéme significa "conhecimento científico" em oposição a "opinião",
enquanto gnôsis significa conhecimento em oposição a "ignorância", chamada de ágnoia.
A gnose é um conhecimento que brota do coração de forma misteriosa e intuitiva. É a busca do conhecimento, não o conhecimento intelectual, mas aquele conhecimento que dá sentido à vida humana, que a torna plena de significado porque permite o encontro do homem com sua Essência Eterna e maravilhosa.
O objeto do conhecimento da Gnose é Deus, ou tudo o que deriva dEle. Toda gnose parte da aceitação firme na existência de um Deus absolutamente transcendente, existência que não necessita ser demonstrada. "Conhecer" significa ser e atuar, na medida do possível ao ser humano, no âmbito do divino. Por isso, "conhecer" implica a salvação de todo o mal (Ego) em que possa estar imerso o homem que venha a possuir esse "conhecimento".
Gnose é ao mesmo um conceito religioso e psicológico, além de científico, filosófico e artístico. A partir desta visão, o significado da vida aparece como uma transformação e uma visão interior, um processo ligado ao que hoje se conhece como psicologia profunda.
O desejo e as tentativas de conseguir amor e felicidade são a saudade inesgotável do Pleroma, ou seja, da Plenitude do Ser, que é o verdadeiro lar da alma. O desejo desse "conhecimento" é uma nostalgia das origens e procede de um original anelo humano de alcançar a Unidade, do desejo natural, perene e universal, de fusão do homem com o Ser, do qual acredita ter sido originado.
A Gnose é o comportamento religioso que traduz esta profunda e dolorosa sensação que sentem os homens e mulheres pela separação dos pólos humano e divino. É , no fundo, uma tentativa de compreensão das relações entre o homem e a divindade.
"A gnose é, indubitavelmente, um conhecimento psicológico, cujos conteúdos provêm do inconsciente. Ela chegou às suas percepções através de uma concentração da atenção sobre o chamado "fator subjetivo" que consiste, empiricamente, na ação demonstrável do inconsciente sobre a consciência. Assim se explica o surpreendente paralelismo da simbologia gnóstica com os resultados a que chegou a psicologia profunda".
O movimento originou-se provavelmente na Ásia Menor, difundindo-se da região do Irã à Gália, exercendo a sua maior influência sobre o cristianismo entre os anos de 135 e 200. Tem como base elementos das filosofias pagãs que floresciam na Babilônia, Antigo Egito, Síria e Grécia Antiga, combinando elementos da Astrologia e mistérios das religiões gregas como os do Elêusis, do Zoroastrismo, do Hermetismo, do Sufismo, do Judaísmo e do Cristianismo.
Num texto hermético lê-se que a gnosis da Mente é a "visão das coisas divinas". G.R.S.Mead acrescenta que "Gnosis não é conhecimento sobre alguma coisa, mas comunhão, conhecimento de Deus". Este é o grande objetivo, conhecer "Deus", a Realidade em nós. Não é a crença, a fé ou o simples conhecimento o que importa. O fundamental é a comunhão interior, o religar da Mente individual com a Mente universal, a capacidade do homem "transcender os limites da dualidade que faz dele homem e tornar-se uma consciência divina".
A posse da Gnosis significa a habilidade para receber e compreender a revelação. O verdadeiro Gnóstico é aquele que conhece a revelação interior ou oculta desvelada e que também compreende a revelação exterior ou pública velada. Ele não é alguém que descobriu a verdade a seu respeito por meio de sua própria desamparada reflexão, mas alguém para quem as manifestações do mundo interior são mostradas e tornaram-se inteligíveis. O início da Perfeição é a Gnosis do Homem, porém a Gnosis de Deus é a Perfeição aperfeiçoada. "Aperfeiçoamento" é um termo técnico para o desenvolvimento na Gnosis, sendo o Gnóstico realizado conhecido como o "perfeito", "parfait".