domingo, 31 de julho de 2011

1º Fase da Corrida Independente da Nossa Senhora Aparecida 2011. Em memória ao Dr. António Domingos Soares.

A Preparação

Para contar sobre a corrida que aconteceu no dia 01 de janeiro de 2011 eu preciso voltar no tempo um pouco mais de um ano, para onde a intenção de realizá-la começou.

Em Sorocaba todo ano no segundo domingo de julho é feita uma procissão que sai da Catedral leva uma réplica da imagem da Nossa Senhora Aparecida até uma Capela no bairro de Aparecidinha, onde a imagem permanece até o dia 1º de janeiro quando ocorre outra procissão levando a imagem até a catedral de Sorocaba.

No ano de 2009 surgiu em mim o desejo de fazer uma corrida no mesmo percurso da procissão, no mesmo dia e um pouco antes da procissão para que a corrida servisse como abre alas para a Santa.

Durante algumas pesquisas descobri que o percurso tinha em média 12km coincidindo com o dia 12 de outubro que é o dia de Nossa Senhora, também descobri que os outros 3 percursos prováveis entre a capela e a catedral sempre tinham aproximadamente 12km nunca menos que 12 e nunca atingindo 13km, por isso achei que a corrida tinha que ser no dia 12 de outubro.

Dês da primeira vez que senti o desejo de correr esse percurso eu achei que teria que fazê-lo por um motivo muito forte por se tratar de uma data especial, por isso no dia 12 de outubro de 2009 eu não corri, não consegui achar um motivo extremamente grande, impossível ou desesperador para oferecer, assim foi também no dia 1º de janeiro de 2010 e no segundo domingo de julho de 2010.

Apesar do meu grau de desenvolvimento na corrida que me permitia correr míseros 10km, correr 12km não é nada de extraordinário e nem impossível, mas o motivo tem de ser importante para tornar a experiência extraordinária e no dia 12 de outubro de 2010 eu tinha um dos maiores motivos do mundo para correr, a saúde do meu pai.

O meu pai estava a mais de um mês no hospital sofrendo de câncer, os médicos já haviam feito de tudo e não existia mais solução na medicina para a sua enfermidade.

Apesar de ninguém contar isso para o meu pai ele já sabia disso e mesmo assim ele não perdia as esperanças e dizia que seria feita a vontade de Deus e que ele a aceitaria feliz, o meu pai não deixava transparecer nenhum mal humor, pelo contrária apesar da doença piorar a cada dia ele falava como se estivesse sendo curado e realmente estava sim, ele tinha a alma luminosa, alegre e purificada, estava cheio de bondade, otimismo e jamais reclamou daquela situação.

Ele sempre foi o maior apoiador das minhas aventuras esportivas e eu gostava de contar para ele os meus feitos, ele me escutava e incentivava, pois então, agora esse era o motivo de eu correr o percurso da Santa, pedir por um milagre para o meu pai.


A Frustração que Virou Alegria.

Eu estava ansioso para que chegasse o dia 12 de outubro, e no dia 11 do mesmo mês eu tive que trabalhar e sai de madrugada muito cansado por o trabalho ter sido pesado, o que me fez acordar com muita dor no joelho, parecia que havia uma lança encravada na patela, jamais tentaria correr assim, uma lesão grave era certa logo nos primeiros metros e por motivo de força maior não fui correr, mas peguei a moto e fui até o hospital visitar o meu pai.

Cheguei ao seu quarto e não havia ninguém lá, me assustei pois meu PA não conseguia dar nem um passo sozinho, fui até a enfermeira que me informou que ele tinha saído de cadeira de rodas com um moço, logo entendi que meu irmão tinha passado lá, a sensação de não vê-lo no quarto me causou tremendo incomodo e por isso não suportei aguardar o elevador, desci as escadas do quarto andar desesperadamente atropelando os degraus até o estacionamento onde achei que eles estavam tomando sol e os encontrei,

Nós passamos uma manhã maravilhosa, conversamos, demos muita risada a ponto de ficar sem fôlego, foram momentos intensos, apesar a situação do momento, passamos uma manhã inspiradora de otimismo e esperança. Eu fiquei muito satisfeito, pois passar aqueles momentos juntos, valeu mais apena do que ter corrido, até mesmo por que foi a ultima vez que isso aconteceu, hoje tenho certeza que a Nossa Senhora permitiu que a Divina Providencia não me deixasse correr para poder desfrutar aquele ultimo momento.

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